terça-feira, 20 de abril de 2010

Percepção / Despertar, Um Estado de Consciência



Um cego e um homem que vê caminham pelo interior de um quarto. Aos dois uma voz  vai dizendo: Cuidado que aí tem uma cadeira, não tropecem nessa mesa, porque poderão derrubar o vaso, etc. Aquele que vê sabe que o que lhe estão dizendo é certo porque o vê, mas o cego, ou tem que acreditar na voz que o orienta (fé) ou tem que através do tato, de perceber todos os acidentes.

Isso nos sugere a parabola indiana dos quatro cegos que quiseram  descobrir o que era um elefante, tendo cada um se agarrado a uma parte do mesmo. O primeiro apalpou a pata dizendo que o elefante era uma palmeira; o segundo se agarrou à tromba e afirmou ser o elefante exatamente como uma cobra; o terceiro pegou uma orelha e definiu sua forma como a de uma imensa mariposa; e por ultimo, o quarto, apalpando sua enorme barriga, imaginou ter o animal a forma de um enorme tonel.



Existia em um país longinquo, de altas montanhas, um pastor que cuidava de um imenso rebanho de ovelhas, tratando a todas com muito carinho e esmero, considerando-as quase como a sua própria família. A montanha que ele habitava situava-se a centenas de quilometros de qualquer lugar habitado e o pobre pastor, sentindo-se só, pediu aos deuses que lhe concedessem uma companheira.

Certa noite, enquanto sonhava, apareceu-lhe uma figura de divindade que, após chama-lo pelo nome, disse: "Os céus quiseram premiar teus rogos e orações, e conceder-te-hão uma companheira. Posto que és pastor e te agradam as ovelhas, uma delas se transformará em mulher, para romper a tua solidão.

-Qual delas, perguntou o pastorzinho?

-Aquela que aprenda o teu nome, e o diga em voz alta. Feita essa declaração, a visão divina desapareceu.

Desde o amanhecer daquele dia, Almon, assim se chamava o pastor deste conto, vivia constantemente a observar as suas ovelhas, a fim de perceber qual delas havia conseguido o dom da palavra. Passavam-se os dias e algumas vezes ele parecia ouvir uma voz alegre que parecia sair do centro do rebanho e dizia: Almon! Almon! Almon! e Almon corria, procurava, mas eram tantas as ovelhas, tantas que era impossível, ou quase impossível, perceber de onde vinha a essa voz. O pastor sofria com isso, embora, muito maior fosse o sofrimento da alma pura de mulher, que por obra dos desígnios dos céus havia penetrado em uma daquelas ovelhas.

Finalmente , esta que por ser mulher era mais perspicaz que o nosso pastor, compreendeu que a única forma de se identificar seria fazendo algo que a diferenciasse do resto do rebanho; e nessa noite, quando todos dormiam, procurou uma poça de barro avermelhado, chafurdando-se nela até que a lã ficou completamente suja. No dia seguinte, a voz ao chamar Almon! Almon! Almon! o despertou e este não teve qualquer dificuldade em localizá-la, entre a brancura daquelas nuvens de lã, pois a ovelha ressaltava como uma mancha de sangue. Bastou que ele chegasse até ela e a tomasse nos braços para que, pela obra  do poder concedido, ela se transformasse em uma belíssima donzela.

"Essa estória nos serve como exemplo de que, embora os deuses possam nos conceder poderes e graças, seremos sempre nós os que teremos que descobri-los. Isso poderá ser conseguido tão-somente através daquilo que classificamos de "observação do mínimo, sendo esses dequenos detalhes, sempre a obra de uma harmonia consigo mesmo.
Fonte: Prof. Molinero/Yogakrisnanda - Aulas Secretas de Um Guru

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