quinta-feira, 18 de março de 2010

Estar Inteiro... Osho

Sobre Renuncia & Equilibrio
Um homem sem avareza não renuncia, porque ele não tem necessidade de superatuar. Um homem que não tem medo, não tem suposta bravura, porque ele não precisa superatuar. Um homem que chegou a compreender o seu ser, não ficará nem num extremo nem no outro. Ele será equilibrado, sua vida será um equilíbrio. O que você acha?
Um buda está andando e surge uma cobra. O que ele fará? Eles simplesmente salta fora do caminho! De que você o chamará, de covarde ou de valente? Ele é apenas um homem sensível, um homem de compreensão. Você prefiriria um homem que permanecesse ali, sem se incomodar com o que a cobra fosse fazer - a cobra pode picá-lo, mas ele permanece ali.  Você chamará esse homem de valente. Mas ele é tolo, não valente. E lá no fundo ele deve ser um covarde: para esconder sua covardia, ele permanece ali.
Mas, se você ver Buda saltando para fora do caminho da cobra, você sentirá: "Que tipo de homem eu estive seguindo? Ele é um covarde!" Ele não é um covarde. Quando a cobra aparece, a pessoa tem de sair do caminho. Isso é simples inteligência. É como se alguém estivesse buzinando e você ficasse parado no meio da rua e pensasse que você é um valente. Você  é simplesmente estúpido! E ficando ali parado, a quem você está convencendo? A si mesmo.... lá no fundo: "Eu sou valente".

                               Sobre Consciência
Um homem de compreensão jamais se move para o oposto; ele se move com compreensão. Seja qual for a situação que surja, seja qual for a situação, ele responde com a sua consciência: ele não é nem valente, nem covarde. Você é covarde ou valente, mas o oposto está escondido por trás: mesmo um homem covarde pode tornar-se valente em certas situações; mesmo um valente mostra-se covarde em certas outras situações. Todo extremo esconde  outro em si e você terá de mostrá-lo em algum lugar: caso contrário, ele se tornará demasiadamente pesado, será impossível viver sob ele. Somente a inteligência, a consciência, aquilo que os budistas chamam de prajnyan - um estado meditativo que é de equilibrio - é sempre relaxado. Um estado de consciência é como um gato: e ele salta sobre os pés, rejuvenescido, alerta, desperto. A mente de alguém que permanece no meio, equilibrada, mesmo que ele esteja adormecido, ela permanece alerta. Não há relaxamento, porque o relaxamento não é necessário - ele nunca esteve tenso, ele nunca foi um valente nem um covarde. Ele compreendeu os dois lados e foi além.

Sobre a Mentira
O homem vive em mentiras. Ele tem de viver, porque ele está tentando não aceitar a totalidade do seu ser; somente uma parte é aceita. Então, o que fazer com a outra parte? Ele tem de criar alguma mentira para escondê-la.
Tomás respondeu: Se eu lhes disser uma das palavras que ele me disse, vocês pegarão pedras e jogarão contra mim; e o fogo sairá das pedras e os consumirá.
A verdade é saudada assim. Não é fácil afirmar a verdade; aqueles que a ouvem, se tornam seus inimigos, começarão a jogar pedras. Eles realmente não estão contra você, eles estão apenas se protegendo, protegendo suas mentiras... vocês pegarão pedras e as jogarão contra mim.......

Sobre Culpa
Um homem culpado fica rondando, procurando alguém que o puna. Quando não há ninguém para puni-lo, ele sente que fica mais difícil viver. Quando alguém o pune, ele fica à vontade. Já reparou nas crianças? Você não as pune, elas mesmas se punem: elas batem em si mesmas - isso as relaxa. Uma criança faz algo errado e fica olhando para ver se o pai, ou a mãe, ou alguém tomou conhecimento; ela fica em busca disso. Caso tenham tomado conhecimento, eles podem bater na criança; e a criança fica bem, porque agora ela fica punida. Acabou! A conta está fechada: ela errou e foi punida. Mas se ninguém fica sabendo, então ela fica em dificuldade: alguma coisa fica incompleta. Ela vai para um canto e bate em si mesma. Então fica bem.
É isso o que está acontecendo com as pessoas austeras: elas fizeram algo errado - quer seja errado ou não, não é a questão, elas acham que fizeram algo errado -, então, ficam se punindo. Você pensa que elas estão entrando em profunda tapascharya, austeridade, que são grandes santos. Elas são simplesmente gente culpada punindo a si mesma. Elas podem jejuar, podem bater no próprio peito, podem até se queimar vivas, mas são simplesmente crianças culpadas, imaturas, punindo a si mesmas: fizeram algo errado e querem criar equilibrio. Esta é uma das mais profundas complexidades da mente humana.

Sobre Libertação:
Desfrute a vida em sua totalidade, caso contrário, você se sentirá culpado. Aceite a vida como ela é, e seja agradecido por ela, como ela é; tenha uma profunda gratidão - é isso o que torna um homem religioso. E, uma vez que você aceite o todo, você se torna inteiro. Todas as divisões desaparecem, um profundo silêncio ascende em você.... você é preenchido pelo desconhecido, porque, quando você está inteiro, o desconhecido bate à sua porta.
Osho - A Semente de Mostarda

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