sábado, 4 de abril de 2009

A Motivação de Vida. A Missão de Vida. ( Antroposofia )


Todo ser humano está constantemente diante de questões em torno do sentido da vida, e frequentemente pergunta a si mesmo: "Quais são minhas motivações da vida ? Quais são os meus potenciais ? Quais faculdades desenvolvi ? Contra quais dificuldades terei de lutar ? Por que, em minha vida, certas situações se repetem ? Qual é o meu 'fio vermelho' e a tônica da minha vida ?"
O ser humano não conseguirá responder a estas perguntas de uma maneira satisfatória se não se tornar consciente de que é cidadão de dois mundos: do mundo terreno material e do mundo celeste, cósmico, espiritual. Ele possui, de um lado, seu corpo biológico, de natureza terrena, preparado pelas forças da hereditariedade. Por outro lad, vive no indivíduo em Eu Superior, de natureza espiritual.
Do mesmo modo como as disposições herdadas foram cunhadas por muitos antepassados ( observa-se que até hoje é importante para muitas pessoas fazer a árvore genealógica de sua família ), assim também o eu tem uma longa história. Uma parte da história do eu transcorre aqui na terra ( é expressão daquilo que chamamos encarnação ), e outra parte transcorre no Cosmo ( quando estamos desencarnados ). Podemos comparar esse período no Cosmo a uma semente que descansa na terra durante o inverno à espera da primavera para germinar e crescer. Uma outra comparação poderia ser feita com um rio ou uma fonte cuja água flui em parte abaixo da terra, estando invisível aos nossos olhos, e em parte flui acima da terra.
A ciência da reencarnação foi apresentada ao homem moderno atual por Rudolf Steiner, de uma forma nova, e pode ser estudada em muitas de suas obras. A corrente terrena, hereditária e a corrente das reencarnações de uma individualidade encontram-se no momento da concepção e no nascimento. No Cosmo, durante longo tempo a individualidade, sob forma de um germe espiritual, prepara-se para a existência terrena. A corrente hereditária traz em si disposições e o germe espiritual procura a masa hereditária que lhe fornecerá o melhor instrumento físico para realizar suas intenções aqui na Terra. Por exemplo, se existe a intenção de trazer música, ele deverá escolher um corpo que tenha ótimo ouvido ( e isto é algo que está profundamente relacionado com a hereditariedade ). Se uma individualidade tem a missão de cura na Terra, deverá escolher uma família que lhe permitirá o estudo de medicina. O eu traz intenções pré-natais que deve realizar na Terra. E, para poder realizá-las, terá de trazer certas disposições do Cosmo que, por sua vez, foram elaboradas entre a vida após morte e um novo nascimento.
Algumas destas disposições têm sua origem na esfera do zodíaco. Entre os nascidos em Sagitário e Câncer, haverá uma grande diferença de atitude diante da vida . Outras disposições vêm da esfera dos planetas. Por exemplo, uma disposição mais 'marciana' permitirá que a pessoa seja um bom empreendedor, uma disposição mais 'saturnina' permitirá que a pessoa vá fundo nas coisas, tenha qualidades para ser pesquisador . Uma disposição mais 'mercurial' lhe fornecerá aptidões comerciais ou de mediador. Isto para citar apenas alguns exemplos.
Outras disposições relacionam-se com os temperamentos, sempre relacionados aos quatro elementos da natureza: o colérico influenciado pelo elemento fogo; o sanguíneo pelo elemento ar; o fleumático - pela água e o melancólico pelo elemento terra.
Cada individualidade traz, portanto, as qualidades zodiacal, planetária e de temperamento, assim comum a hereditariedade da constituição, formando, por assim dizer, quatro cordas de um instrumento no qual ela pode tocar e deixar ressoar sua música de vida. São qualidades inatas, que permitem a essa individualidade realizar suas intenções de vida e sua missão aqui na Terra, as quais se expressam como sua motivação , seu leit motiv.
Estas disposições são trazidas pelo ser humano para Terra. Porém aqui são encontradas circunstâncias de vida que ele enfrenta ao nascer e durante todo o seu desenvolvimento. Mas quais são essas circunstâncias ? O meio ambiente, aspectos geográficos da região natal ( há diferença entre nascer em Minas Gerais, região montanhosa, e num lugar à beira mar ); a época histórica ( uma pessoa que nasceu no começo do século viveu em dado momento e teve experiências diferentes de outra que nasceu na segunda metade do seculo ); a língua ( alemão, português, polonês e assim por diante ); o lar, a família; os professores, a sociedade, a cultura. Há também o ambiente de trabalho, os chefes, os subalternos, os amigos etc. Todos estes fatores contribuem para a formação do carater. Assim, ao completar 21 anos a pessoa está munida para vida, encontra parceiros, a profissão, o local de trabalho. Encontra inúmeras pessoas que contribuirão para que ela tenha oportunidade de um desenvolvimento psíquico.
Após os trinta anos, aos poucos as intenções de vida começam a tornar-se cada vez mais visíveis, e só daí em diante começam a ser realizadas. Até então, é importante investir para deixar desabrochar os potenciais. Naturalmente isto depende da presença e da força interiores do ser humano, assim como também depende dos obstáculos - maiores ou menores - que ele tenha de enfrentar. Dependendo do quanto consiga vencer as resistências internas e externas, a personalidade vai sentir-se menos ou mais realizada; aliás, isto vale também para as fases posteriores da vida.
Aos poucos as potencialidades vão-se transformmando em habilidades e, quando estas estiverem consolidadas, em faculdades. Algumas são fáceis - tiramos de letra, como se diz. São aquelas que o eu já traz consigo de outras encarnações e que, agora, já pode doar aos outros. Em outras, porém, é necessário trabalhar intensamente. Aos 28 anos, a genialidade trazida tem de ser conquistada a partir de dentro. Algumas potencialidades ficam para trás e algumas são transformadas para que outras pessoas possam usufruir delas. É como se o individuo cumprisse sua tarefa e transformasse seus próprios dons. O ser humano está na grande fase de tornar-se homem ou tornar-se mulher. Tudo o que chega de novo ao seu encontro tem de ser exercitado, aprendido, especialmente o lidar com dificuldades, obstáculos no trabalho e na relação humana.
É provável que você tenha passado, um dia, pela experiência de ter tido muita dificuldade em algo como, por exemplo, o aprendizado de um idioma, de uma música, de uma técnica especifica, e tenha percebido que no dia seguinte isso já fluiu melhor, já se tornou uma habilidade - e com o treino se tornará uma faculdade.
Se uma pessoa conseguir realizar sua intenção de vida, sua missão fluirá cada vez mais para a Terra nas fases dos 35 anos de idade, fazendo-a sentir-se realizada como um ser humano e permitindo-lhe olhar com confiança para as fases posteriores da vida, quando já estiver na velhice. Assim como um dia segue a outro e entre eles existe a noite, na qual, ao dormimos, muita coisa acontece, também exige a grande "noite cosmica" entre uma encarnação e outra, quando tudo o que foi exercitado, realizado, por atos do indivíduo, vai transformar-se em novas potencialidades, em novas intenções ( ou motivações ) de vida, em novas faculdades inatas.
Podemos falar de um biografia diurna, que é a parte da nossa biografia que acompanhamos com a nossa consciência, e a outra parte que é a biografia noturna, que não podemos abarcar com nossa consciência diurna. Somente após a morte é que visualizamos a vida diurna e a vida noturna como um todo e vivenciamos nossa biografia como uma totalidade.
Pessoas que estão prestes a morrer por afogamento, atropelamento ou outro choque, muitas vezes tem a visão de sua vida em poucos segundos, parecendo-lhe um filme. Trata-se de um panorama da vida, que normalmente só é visto logo após a morte. Depois de o indivíduo ter passado, após morte, pelo panorama da vida ( algo que dura mais ou menos três dias ) ele passará pelo que R. Steiner denomina ( kamaloka - equivalente purgatório ) e depois, como germe espiritual, pelas diversas esferas planetárias. As diversas fases pós morte tem relação direta com certas fases da vida na reencarnação seguinte. Os ritmos dos setênios são o resultado da passagem do germe espiritual pelas sete esferas planetárias, sendo que cada esfera influencia as várias fases da vida.
Quanto mais consciente o ser humano conhecer sua biografia - isto não lhe servirá só para esta vida - tanto mais conscientemente poderá olhar e transformar sua vida depois da morte e reestruturar seu futuro, pois o que conquistar em vida poderá ser transformado durante a fase pós morte.
Na época do kamloka nasce o impulso de corrigir o que foi feito de errado com relação ao próximo, surgindo a necessidade de encontrá-lo novamente. Se hoje a pessoa olhar para seus relacionamentos no intuito de perceber o que cada ser significa para ela, terá mais clareza sobre tais relações e saberá lidar melhor com as mesmas.
O passado e o futuro se dão sempre as mãos. Assim como o passado impregna o caminho de vida de um lado, o futuro o impregna de outro. O momento presente é o resultado do passado e do futuro, do que está por vir.
Uma crise também pode ser vista por meio desse olhar. Ela pode vir do passado, mas pode vir também de uma insegurança com relação ao futuro. É como se o individuo pressentisse as mudanças que estão por vir, que precisam ocorrer, mais ainda estivessem amarrado ao passado, não conseguindo dar o passo adequado. Tanto ao passado quanto ao futuro devem ser levados do inconsciente para o consciente, na medida do possível. Assim poderemos estruturar melhor esse futuro. A seguinte meditação se Rudolf Steiner nos proporciona um fecho de ouro para este tema:
Germinam aos desejos da alma, crescem atos de bondade, maturam os frutos da vida.
Eu sinto meu destino, meu destino me encontra.
Eu sinto minha estrela, minha estrela me encontra.
Eu sinto meus objetivos, meus objetivos me encontram.
Minha alma e o mundo são um só.
A vida, ela se torna mais clara ao redor de mim;
A vida, ela se torna mais árdua para mim;
A vida, ela se torna mais rica em mim.
Livro de Antroposofia : Tomar A Vida Nas Próprias Mãos: Gudrun Burkhard /-Como trabalhar na própria biografia o conhecimento das leis gerais do desenvolvimento humano

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