Escravidão Parte II - Osho

Continuação de Escravidão Parte I - Décimo Sexto Discurso - A Semente de Mostarda - Osho

Ouvi dizer que aconteceu certa vez, de Mulla Nasruddin estar encurralado pelos seus credores. Ele tinha tomado dinheiro emprestado de muitas pessoas, e não havia meios de fugir delas. Então, ele procurou o seu advogado. Este como fazem os advogados, sugeriu:

-Faça uma coisa, Nasrudin, porque não há outro jeito: arrume um funeral simulado, com você dentro do caixão. Deixe toda cidade saber que você morreu e, depois, fuja desta cidade. Todos os seus credores saberão que você morreu, e não o amolarão mais.

A idéia pareceu-lhe funcional e o atraiu. Nasruddin arrumou um funeral simulado. Ele ficou dentro do caixão e a cidade toda se reuniu para lhe dizer adeus. O primeiro credor disse adeus com muita tristeza; depois veio o segundo, o terceiro, o quarto, o quinto... Mas o nono credor puxou de um revolver, agarrou-o e disse:


-Nasruddin, eu sei que você está morto, mais ainda assim eu vou atirar em você, só para ter uma pequena satisfação.

Nasruddin pulou do caixão e disse:
-Peraí, Pra você, eu vou pagar, vou pagar !


Você não pode brincar com a morte, não pode gracejar com a morte, não pode trapacear com a morte. Como você pode viver de um modo falso se nem morrer de um modo falso você pode ? Se você não pode morrer de um modo falso, é quase impossível viver de um modo falso. Você cria mais miséria ao seu redor, nada será resolvido através disso; tudo se tornará cada vez mais enigmático.

Quanto mais você tenta resolver, mais insanidade é criada, porque, dentro do seu coração, você sabe que aquilo é falso. Você vai ao templo... você já foi realmente ao templo ? Aquilo é uma religião simulada, apenas para mostrar aos outros que você é religioso. Mas isso irá ajudar? Então esse templo também se torna uma escravidão - ritual é escravidão. Então o padre também o explora, porque ele conhece a sua fraqueza.

Com a religião, nós jogamos o jogo maior. E o jogo é que moldamos grilhões a partir da liberdade. Eis porque um homem como Jesus e Krisna é perigoso: ele não vai lhe dar uma vida simulada, ele lhe dará uma coisa real.

Eis o que Jesus diz:

Quem quer que esteja próximo de mim está próximo do fogo...

A que fogo ele se refere? O fogo no qual você não permanecerá. Você terá que desaparecer completamente. Essa multidão que você é não pode ter permissão de permanecer, porque essa tem sido a sua miséria e angústia. Essa multidão tem de desaparecer, desaparecer dentro de um centro cristalizador.

"FOGO" é um termo alquímico: tudo o que precisa ser cristalizado, terá de passar através do fogo. Se você quiser fazer algo do ouro, o ouro terá de passar através do fogo. Primeiro ele terá de se tornar líquido, então, será purificado - ficará ouro puro - e, então você pode moldá-lo em qualquer coisa. Mas ele terá de passar através do fogo. E o mesmo irá acontecer a um discípulo: o mestre é um fogo, e você terá de ser tornar completamente líquido, de modo que tudo que esteja errado seja queimado, e tudo que esteja certo tenha se tornado líquido e uno. Então, você será cristalizado.

Primeiro, um mestre é um fogo e, depois, infinita tranquilidade acontece através dele. Mas o começo é causticantes, e isso dá medo. É fácil aproximar-se de um padre - ele é tão falso quanto você. Não há nenhum perigo, você sabe bem disso. è fácil passar através de um ritual, você sabe que é simulação. Mas vir a Jesus é difícil: você está chegando perto de um fogo; quanto mais perto você chega, mais você se sentirá queimando. Quando um discípulo chega realmente perto - é isso o que um discípulo faz: junta coragem e chega cada vez mais perto, e permite que o fogo funcione - ele passa através de uma fornalha. Jesus é uma fornalha.

Mas quando o discípulo sai dela, o discípulo está totalmente diferente: a multidão se foi, agora ele é um metal diferente, totalmente diferente. O metal básico se tornou um metal mais elevado, o ferro virou ouro - aconteceu uma transformação. Quando digo que foi uma transformação, isso quer dizer descontinuidade com o passado. Se houver uma continuidade, não há nenhuma mutação, somente modificação. E é isso que vocês têm feito.