Caminho da superação de Andrés Lopez Gómez – uma história que ainda está sendo escrita...
11 de agosto de 2007, 6:30 da manhã de um sábado e este espanhol de 41 anos, piloto de enduro, campeão paulista e vice-campeão brasileiro, apaixonado por motos, motores e afins decide treinar uma última vez antes de embarcarmos de férias para a Espanha, para uma visita à família. “Volto para almoçar com você”... um beijinho e 4 horas depois, um telefonema, de um hospital de Guararema, seria o sinal de uma mudança enorme nas nossas vidas. “Houve um acidente e seu marido terá que ser transportado de ambulância para São Paulo”. Horas de imensa agonia até que chegasse esta ambulância e que fosse dado o diagnóstico terrível: lesão medular na 5ª e 6ª vértebras. Cirurgia de 8 horas e 8 dias de UTI em que se misturavam dores, orações, amigos, família, muita morfina e sempre, sempre, muita esperança de que o quadro de paraplegia que se havia instalado fosse revertido. Quando ele pôde finalmente ir para o quarto, outra luta começa: agora contra uma úlcera de pressão (adquirida na semana passada na UTI, por falta dos cuidados necessários) e as decorrentes e assustadoras infecções hospitalares. E o foco dos pedidos mudou: pedíamos todos que Deus o mantivesse vivo, que fosse vencida cada batalha contra as temidas bactérias. E ele ganhou todas elas. Ao longo dos 7 meses em que sobrevivemos ao hospital, a vida “normal” parou, espremida em corredores, contada em horários de muitos antibióticos, à espera de uma cirurgia plástica que acabasse com o fantasma da escara e nos trouxesse, enfim, de volta para casa. Voltamos, mas a vida, como a entendíamos antes deste acidente, tinha ficado para trás. Agora tudo era novo, o tempo tinha mudado seu ritmo e tínhamos aprendido que não havia mais pressa para nada, podíamos lentamente repensar a rotina e ir adaptando cada centímetro da nossa casa (um sobradão de 3 andares) conforme identificávamos esta ou aquela necessidade e conforme a evolução do Andrés alargava seus horizontes. Seguimos em frente, valorizando e comemorando cada pequena vitória, como a despedida da cama de hospital, a compra de uma cadeira de rodas personalizada, a adaptação do carro. Este ariano inquieto e determinado, a quem a vida surpreendeu de forma tão adversa, supera cada empecilho com uma garra admirável. Fez um programa de reabilitação na AACD e outro no HC, e aprende, cada dia mais, que a vida continua valendo muito a pena e que se mudou sua forma de locomoção, sua força de vontade se intensificou. Se antes ele era movido a desafios, agora este combustível está diariamente à sua disposição, enquanto persegue sua independência, ultrapassa barreiras ou contorna obstáculos. Sua vida se transformou e ele se transformou também, não para acomodar-se a uma situação, mas para acomodar os mesmos sonhos e esperanças a uma nova realidade. Entendemos finalmente, ainda que a um preço que ninguém gostaria de pagar, que limites todos, absolutamente todos nós temos, de uma forma ou de outra, desde que nascemos e, portanto, superação é algo inerente à nossa condição. Aprendemos que limites existem para serem superados, sim, mas para isto, precisamos primeiro reconhecê-los e aceitá-los. O Andrés hoje é exemplo deste aprendizado para todos os que já o conheciam e para os muitos novos amigos que fez – reconhece e aceita seus limites, sem deixar de acreditar que as dificuldades de hoje podem vir a ser somente lembranças em algum amanhã. E vive, agradecido a Deus pela oportunidade de continuar aqui e confiante, como todos as pessoas na mesma situação, nos avanços da medicina. Neste momento, apenas 1 ano e três meses depois de ter saído do hospital, tão fragilizado que não era sequer capaz de se alimentar sozinho ou de equilibrar o próprio tronco, ele já está correndo de kart adaptado em um campeonato disputado no Kartódromo da Granja Viana. Além da vontade e perseverança, ele ainda precisa conseguir algum patrocínio para as corridas, mas já encontrou sua maneira de mostrar ao mundo sua força interior. E avisa que não vai parar por aí. Sua meta é participar do Rally Internacional dos Sertões. Eu, que conheço de perto esta energia, acredito. Texto de Neli Raquel Borba - esposa do Andrés Lopes
11 de agosto de 2007, 6:30 da manhã de um sábado e este espanhol de 41 anos, piloto de enduro, campeão paulista e vice-campeão brasileiro, apaixonado por motos, motores e afins decide treinar uma última vez antes de embarcarmos de férias para a Espanha, para uma visita à família. “Volto para almoçar com você”... um beijinho e 4 horas depois, um telefonema, de um hospital de Guararema, seria o sinal de uma mudança enorme nas nossas vidas. “Houve um acidente e seu marido terá que ser transportado de ambulância para São Paulo”. Horas de imensa agonia até que chegasse esta ambulância e que fosse dado o diagnóstico terrível: lesão medular na 5ª e 6ª vértebras. Cirurgia de 8 horas e 8 dias de UTI em que se misturavam dores, orações, amigos, família, muita morfina e sempre, sempre, muita esperança de que o quadro de paraplegia que se havia instalado fosse revertido. Quando ele pôde finalmente ir para o quarto, outra luta começa: agora contra uma úlcera de pressão (adquirida na semana passada na UTI, por falta dos cuidados necessários) e as decorrentes e assustadoras infecções hospitalares. E o foco dos pedidos mudou: pedíamos todos que Deus o mantivesse vivo, que fosse vencida cada batalha contra as temidas bactérias. E ele ganhou todas elas. Ao longo dos 7 meses em que sobrevivemos ao hospital, a vida “normal” parou, espremida em corredores, contada em horários de muitos antibióticos, à espera de uma cirurgia plástica que acabasse com o fantasma da escara e nos trouxesse, enfim, de volta para casa. Voltamos, mas a vida, como a entendíamos antes deste acidente, tinha ficado para trás. Agora tudo era novo, o tempo tinha mudado seu ritmo e tínhamos aprendido que não havia mais pressa para nada, podíamos lentamente repensar a rotina e ir adaptando cada centímetro da nossa casa (um sobradão de 3 andares) conforme identificávamos esta ou aquela necessidade e conforme a evolução do Andrés alargava seus horizontes. Seguimos em frente, valorizando e comemorando cada pequena vitória, como a despedida da cama de hospital, a compra de uma cadeira de rodas personalizada, a adaptação do carro. Este ariano inquieto e determinado, a quem a vida surpreendeu de forma tão adversa, supera cada empecilho com uma garra admirável. Fez um programa de reabilitação na AACD e outro no HC, e aprende, cada dia mais, que a vida continua valendo muito a pena e que se mudou sua forma de locomoção, sua força de vontade se intensificou. Se antes ele era movido a desafios, agora este combustível está diariamente à sua disposição, enquanto persegue sua independência, ultrapassa barreiras ou contorna obstáculos. Sua vida se transformou e ele se transformou também, não para acomodar-se a uma situação, mas para acomodar os mesmos sonhos e esperanças a uma nova realidade. Entendemos finalmente, ainda que a um preço que ninguém gostaria de pagar, que limites todos, absolutamente todos nós temos, de uma forma ou de outra, desde que nascemos e, portanto, superação é algo inerente à nossa condição. Aprendemos que limites existem para serem superados, sim, mas para isto, precisamos primeiro reconhecê-los e aceitá-los. O Andrés hoje é exemplo deste aprendizado para todos os que já o conheciam e para os muitos novos amigos que fez – reconhece e aceita seus limites, sem deixar de acreditar que as dificuldades de hoje podem vir a ser somente lembranças em algum amanhã. E vive, agradecido a Deus pela oportunidade de continuar aqui e confiante, como todos as pessoas na mesma situação, nos avanços da medicina. Neste momento, apenas 1 ano e três meses depois de ter saído do hospital, tão fragilizado que não era sequer capaz de se alimentar sozinho ou de equilibrar o próprio tronco, ele já está correndo de kart adaptado em um campeonato disputado no Kartódromo da Granja Viana. Além da vontade e perseverança, ele ainda precisa conseguir algum patrocínio para as corridas, mas já encontrou sua maneira de mostrar ao mundo sua força interior. E avisa que não vai parar por aí. Sua meta é participar do Rally Internacional dos Sertões. Eu, que conheço de perto esta energia, acredito. Texto de Neli Raquel Borba - esposa do Andrés Lopes
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